Em 2011, após sua aquisição pelo grupo espanhol Iberdrola, a distribuidora de energia Elektro, com sede em Campinas, no interior paulista, deu início a uma revolução em sua liderança. Com o objetivo de tornar a gestão mais humana e aumentar o engajamento dos funcionários, a empresa percebeu que seria preciso trocar o modelo tradicional de liderança, com base em uma estrutura hierárquica e com decisões centralizadas, para chegar a um formato em que as pessoas se sentissem responsáveis pelos resultados. Para colocar esse conceito em prática, seria preciso mudar o perfil dos gestores da empresa. Líderes que antes davam ordens e estavam pouco disponíveis passaram a ter de se preocupar em explicar suas decisões e em conhecer os anseios dos subordinados. Na prática, a empresa trocou o perfil do chefe — alguém que tem uma posição de superioridade em relação às equipes e centraliza as decisões — pelo de um líder batizado de facilitador, cujo papel é organizar os vários times e se colocar à disposição deles para que os projetos sejam concluídos, e os resultados, alcançados. “Hoje, o líder não é mais o pilar, mas o óleo da engrenagem”, afirma Márcio Fernandes, presidente da Elektro. “O perfil antigo de liderança, em que manda quem pode e obedece quem tem juízo, não faz mais sentido para nós.” A nova cultura de liderança exigiu mudanças até na arquitetura dos escritórios, com a adoção de salas abertas para os gestores, para aproximá-los de sua equipe. Os líderes passaram por cursos em consultorias e ONGs para melhorar sua habilidade de comunicação e adotar uma postura mais aberta e humana.
O novo perfil de liderança também é uma adaptação à sociedade atual em que os profissionais são mais questionadores e exigem uma liderança mais aberta e participativa. “Algo incompatível com a liderança tradicional, em que o poder fica concentrado em poucas pessoas”, diz Fabrícia, do RH da Elektro. Para Rafael Souto, presidente da Produtive, consultoria de planejamento e transição de carreira, de São Paulo, os profissionais que não se adaptarem a esse modelo perderão boas chances de emprego, já que nas empresas mais inovadoras não há espaço para gestores autoritários. “É uma exigência do mercado atual”, diz Rafael.